sábado, 21 de fevereiro de 2015

Cientistas estudam formação de nuvens na Amazônia

04 de janeiro, 2015 - 08h07 - Pará

Cientistas estudam formação de nuvens na Amazônia

Importância dos “rios voadores” no clima da América do Sul é o foco

Por: O Liberal
Foto: Oswaldo Forte (O Liberal)Foto: Oswaldo Forte (O Liberal)














Pesquisadores brasileiros coordenam um esforço internacional para investigar os mecanismos físicos de formação de nuvens e de chuva, algo que a ciência ainda está longe de compreender totalmente. Para isso, decidiram estudar o interior das imensas massas de nuvens que se acumulam sobre a Amazônia e, por suas características especiais, influenciam o clima do continente.
Um recurso inédito foi usado para viabilizar o estudo: os cientistas trouxeram ao Brasil um avião a jato da Agência Aeroespacial Alemã e uma aeronave americana (ambos de uso científico), equipados com sensores de alta tecnologia e capazes de examinar pela primeira vez a estrutura molecular das gotas de chuva e gelo dentro das nuvens.
Segundo os líderes do projeto, Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), e Luiz Augusto Machado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram feitos em setembro 14 voos sobre a Amazônia para coletar dados a uma altitude de 18 quilômetros, limite da estratosfera.
Estudos anteriores haviam usado, no máximo, aviões Bandeirante, que voam a cerca de quatro quilômetros do solo e, por isso, não conseguem estudar a física das nuvens convectivas (que se desenvolvem verticalmente). Voando a 600 km/h, o avião alemão conseguiu enxergar o que há entre as microscópicas gotas de chuva e partículas de gelo no meio das nuvens.
“Como se formam as gotas de chuva no interior das nuvens? Como se inicia e termina o processo de precipitação? Como a poluição influencia o ciclo de chuvas? Para onde está indo o vapor d’água emitido pela Amazônia nos últimos meses e que não se transformou em chuvas em São Paulo? Estamos tentando responder questões como essas”, explica Artaxo.
A pesquisa também ajudará a entender a dinâmica das nuvens amazônicas nas chuvas da América do Sul. Todos os dias, as árvores da Amazônia enviam para a atmosfera cerca de 20 bilhões de litros de água que extraem das profundezas do solo - volume hídrico cerca de 15% maior que a vazão do rio Amazonas. Esses enormes fluxos de água, apelidados de “rios voadores”, viajam pelo ar e encontram uma barreira na Cordilheira dos Andes, provocando chuvas no sul do continente.

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