segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

RIOS VOADORES DA AMAZONIA

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Conheça os Rios Voadores Imagine um rio do tamanho do rio Amazonas, o maior do planeta, mas invisível! Pois é assim que são os rios voadores. Com enormes quantidades de vapor de água, eles percorrem o Brasil de Norte a Sul e são responsáveis por boa parte das chuvas no país
Thays Prado  Planeta Sustentável- 20/03/2009
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Você sabe de onde vem a chuva? Acertou quem disse: das nuvens cheias de vapor de água que se condensam quando encontram uma frente de ar mais fria e caem sob a forma de gotas.

Agora responda: e de onde vem o vapor de água? Essa resposta não é tão simples quanto a primeira. E muita gente, inclusive os adultos, pensa que o vapor vem apenas do oceano em direção ao continente e faz chover quando chega por aqui.

O que os cientistas e um piloto de avião - o inglês, naturalizado brasileiro, Gérard Moss - acabaram de descobrir é que boa parte do vapor vem da Amazônia! Durante um ano e meio, eles voaram em um avião leve, acompanhando o caminho que os vapores de água faziam até chegarem ao Sul e ao Sudeste do Brasil.

Os vapores que chegam do oceano Atlântico, fazem chover na Amazônia. Ali, ¼ da chuva fica nas folhas das árvores e evapora, voltando para a atmosfera, e mais 2/4 são absorvidos pela vegetação e também voltam a ser vapor de água por causa da transpiração das árvores.

A quantidade de vapor de água que sai da Amazônia é gigantesca! Cada árvore de grande porte da floresta evapora e transpira 300 litros de água por dia! E quando os ventos não sopram do mar para o continente, as espertas árvores, mais do que depressa, usam suas raízes para retirar água dos lençóis freáticos, garantindo que a evaporação e a transpiração continuem acontecendo com a mesma intensidade.

Com a “evapotranspiração” das árvores da floresta, chegam a se formar enormes rios de vapor de água, que são conhecidos como “rios voadores” e não podem ser vistos a olho nu. Juntos, os rios voadores têm mais água do que o rio Amazonas, que é o maior do mundo. A diferença é que, no rio Amazonas, a água está no estado líquido e nos rios voadores, ela está em estado gasoso.

Dali, os ventos levam esses rios voadores para perto da Cordilheira dos Andes, que é bem alta, não deixa os ventos passarem e os empurram de volta para o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Sempre que os rios voadores estão presentes na atmosfera de uma cidade, a chance de chover é bem maior (Não entendeu muito bem? Veja a animação).

Por isso, é muito importante cuidar da floresta amazônica. Se o ser humano continuar destruindo suas árvores, a quantidade de vapor de água que chega ao restante do país vai ficar desregulada. Assim, podem acontecer grandes tempestades em alguns lugares e secas muito fortes em outros.

Preservar a Amazônia é a melhor saída para evitar que isso aconteça.


O que são os rios voadores?

São imensas massas de vapor d’água que, levadas por correntes de ar, viajam pelo céu e respondem por grande parte da chuva que rola em várias partes do mundo

O principal rio voador do Brasil nasce no oceano Atlântico, bomba de volume ao incorporar a evaporação da floresta Amazônica, bate nos Andes e escapa rumo ao sul do país. “O vapor d’água que faz esse trajeto é importantíssimo para as chuvas de quase todo o Brasil”, afirma o engenheiro agrônomo Enéas Salati, da Universidade de São Paulo (USP). Veja a seguir os meandros impressionantes dessa gigantesca corredeira voadora.

Corredeira voadora
Volume de água que circula pelo céu é similar à vazão do rio Amazonas

1- O rio voador nasce no oceano Atlântico. A água evapora no mar, perto da linha do Equador, e chega à floresta Amazônica empurrada pelos ventos alísios. Esse blocão de vapor passa rasante: 80% dele voa a, no máximo, 3 quilômetros de altura

2- A vazão desse aguaceiro aéreo é da ordem de 200 milhões de litros por segundo (similar à do rio Amazonas), fazendo da Amazônia uma das regiões mais úmidas do planeta, além de provocar as chuvas que desabam diariamente por toda a região

3- Enquanto passa sobre a floresta, o rio voador praticamente dobra de volume. Isso ocorre porque, ao absorver mais radiação do Sol do que o próprio oceano, a mata funciona como uma gigantesca chaleira, liberando vapor com a transpiração das árvores e a evaporação dos afluentes que correm no solo

4- No oeste da Amazônia, a massa de umidade encontra uma barreira de montanhas de 4 quilômetros de altura, a cordilheira dos Andes, que funciona como uma represa no céu, contendo a correnteza aérea do lado de cá

5A- Boa parte do vapor fica acumulada nos próprios Andes, sob a forma de neve. Ao derreter, essa água desce as montanhas, dando origem a córregos que, por sua vez, formarão os principais rios da bacia Amazônica, como o Amazonas

5B- Nem todo vapor que encontra os Andes fica por ali. Cerca de 40% dessa cachoeira celeste segue rumo ao sul. A umidade passa por Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, terminando a viagem no norte do Paraná, cerca de seis dias depois

6A - Enquanto flui em caudalosos veios rumo ao mar, muito da água proveniente dos rios voadores é absorvido pela floresta. Quando transpiram, as árvores então liberam esse líquido em forma de vapor, fechando o ciclo que novamente alimentará a corrente no céu

6B- Por fim, o rio voador cai em forma de chuva. Mais da metade da precipitação das Regiões Centro-Oeste e Sudeste vem dos rios aéreos da Amazônia. Além desse veio principal, outras 20 correntezas cruzam o céu do país, carregando um volume de água equivalente a 4 trilhões de caixas-d’água de 1 000 litros

CAÇADORES DE NUVENS
Pesquisadores “surfam” as correntezas aéreas para estudar o fenômeno

Desde 2008, um projeto científico tenta conhecer melhor os rios voadores. O líder da pesquisa é Gerard Moss, engenheiro e explorador francês naturalizado brasileiro. O trabalho dele consiste em voar com um monomotor coletando vapor d’água. “Enquanto todos os pilotos evitam as nuvens, eu vou direto para elas”, diz. Em seu avião, Moss caça a umidade usando tubos de 40 centímetros resfriados a 70 graus negativos. Numa temperatura tão baixa, qualquer vapor que entra no tubo se transforma, imediatamente, em água. As gotas são então armazenadas para a análise em laboratório.

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